Por Carlos A. Cavalheiro
Você já pensou em correr dentro da piscina?
O “deep running”, nada mais é do que a corrida na água. Porém, o que muitos não sabem é que essa prática esportiva pode ser usada como meio de recuperação para atletas.

Esse método foi utilizado pela a primeira vez em 1984. A maratonista americana, Joan Benoit Samuelson, utilizou o ”aquajogger” logo após uma cirurgia no joelho, realizada durante sua preparação para as Olimpíadas de Los Angeles. Depois de sua recuperação, ela venceu e ganhou a medalha de ouro dos jogos.
Pessoalmente, tive a felicidade de ver, durante os Campeonatos Mundiais de Roma (1987), a atleta norueguesa, Ingrid Kristianssen, realizar o mesmo trabalho na piscina do hotel junto ao seu treinador. Na ocasião, ela realizou dentro da piscina todo o treinamento que deveria ser feito nas ruas. E isso me chamou a atenção. Vi a atleta realizar um forte trabalho contínuo de corrida, fartleks, intervalado intensivo e extensivo por duas semanas na piscina!
A partir desse momento comecei a utilizar o treinamento na piscina como parte integrante no planejamento de treinamento dos meus atletas, principalmente para a recuperação e regeneração depois de uma carga pesada de treinos.
Com funciona - No “aquajogger” usamos o próprio corpo como instrumento de trabalho, só que dentro da água. Com isso diminuímos o peso corporal e conseqüentemente o estresse e o trauma causado principalmente nas pernas por causa do impacto.
Por isso o método é utilizado como forma de programa alternativo quando o atleta está lesionado, ou quando se recupera de uma lesão. É uma boa alternativa para o atleta continuar com atividade física sem perder a forma.
Essa atividade também melhora o nível de força e a flexibilidade do atleta, porque é realizado na água contra uma resistência constante e promove ao mesmo tempo o desenvolvimento da capacidade cardio-pulmonar.
Similaridades da corrida na rua e da corrida na piscina:
:: Tem a mesma ação de corrida;
:: Mesmo tipo de trabalho;
:: Similares efeitos fisiológicos no treinamento;
:: Mesma possibilidade de intensidade de movimentos.
Peculiaridades da corrida na piscina:
:: É realizado em um ambiente diferente com temperatura estável;
:: Requer uma grande aplicação de força de forma constante pelo atleta;
:: Permite freqüência de passadas lenta ou rápida, como também amplitude de passadas, curta ou longa, de acordo com o trabalho realizado;
:: O atleta não tem fase de recuperação na passada da corrida;
:: Devemos realizar sempre intervalos de recuperação curtos entre as repetições e séries;
:: Erros técnicos podem ser mais visualizados e conseqüentemente mais fáceis de serem corrigidos.

Como realizar a corrida na piscina - A corrida em piscina, geralmente é feita com um colete e deve seguir algumas regras, como:
:: O trabalho é realizado em piscina e o pé do atleta não pode tocar o fundo da piscina;
:: O atleta deve manter o corpo fora da água na altura de seu pescoço;
:: A boca do atleta deve permanecer fora da água facilitando a sua respiração;
:: Mantenha o ângulo de visão sempre para frente e não para baixo;
:: O corpo deve permanecer na posição vertical com a coluna ereta e ligeiramente inclinada para frente. Uma inclinação demasiada deve ser evitada;
:: o movimento de braços na piscina é similar ao utilizado na corrida na rua com ação inicial nos ombros e depois aos braços.
Conclusão - O “aquajogger” é mais uma forma de treinamento para o atleta que pode ser utilizado na fase de recuperação de lesão, pois elimina o impacto nas articulações, músculos e tendões. É um efetivo treinamento durante a fase de reabilitação do atleta.
Também beneficia a recuperação do atleta, pois ajuda a retirar o ácido lático após um trabalho forte na pista ou na rua. Muitas vezes é uma combinação de recuperação ativa e massagem, dependendo da forma que for utilizado.
Deve ser incorporado ao treinamento regular do atleta, pois é uma forma de trabalho de baixo estresse e uma forma adicional de desenvolvimento de capacidade e potencia aeróbica.
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